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Quando Me Tornei Mãe, Entendi a Minha

Hoje, enquanto embalava meu bebê no colo depois de uma noite mal dormida, me peguei pensando em quantas vezes minha mãe deve ter feito isso por mim. Não eram pensamentos passageiros, como os de antes, mas uma conexão real, quase física, que agora entendo como um fio invisível ligando gerações. Tornar-me mãe não só transformou minha vida, mas também mudou profundamente a maneira como vejo a mulher que me criou.

Antes, eu enxergava nossa relação sob a ótica de filha: os “nãos” que pareciam injustos, as preocupações que soavam exageradas, as cobranças que, na adolescência, eu jurava ser drama. Mas hoje, cada lembrança ganha novas cores. Percebo que por trás de cada decisão dela havia uma escolha difícil, um sacrifício silencioso, um amor que priorizou meu bem-estar acima do próprio conforto.

Quantas noites ela deve ter ficado acordada me observando dormir, assim como eu faço agora? Quantos sonhos pessoais ela adiou para estar presente na porta da escola, nas consultas médicas, nas festas de aniversário? Eu não entendia, por exemplo, por que ela às vezes parecia cansada demais para brincar. Agora, sei que cansaço de mãe é um cansaço que se acumula nas pequenas renúncias: o tempo que vira noites, a carreira que se ajusta, o autocuidado que fica em segundo plano.

Descobri, na prática, que a maternidade é feita de milhões de gestos invisíveis. E foi só quando mergulhei nesse universo que passei a olhar para a minha mãe não mais como a “heroína sem capa” que eu admirava de longe, mas como uma mulher real, cheia de dúvidas, medos e inseguranças que, mesmo assim, escolheu fazer o melhor que podia com o que tinha.

Hoje, nossas conversas são diferentes. Quando ligo para ela para desabafar sobre as noites em claro ou a culpa de não conseguir conciliar tudo, ouço na voz dela um acolhimento que vai além das palavras. É como se, finalmente, estivéssemos falando a mesma língua. E quando ela diz “eu também passei por isso”, não soa mais como um clichê, mas como um abraço no tempo.

Perdoei coisas que nem sabia que guardava. Percebi que as “falhas” que eu julgava na sua criação eram, na verdade, marcas de uma mulher que estava aprendendo a nadar enquanto segurava os filhos para que não se afogassem. E, mais do que isso, passei a agradecer — não só com palavras, mas com a alma — por cada vez que ela silenciou seu cansaço para me ouvir, cada vez que abriu mão de algo para me ver sorrir.

Ser mãe me ensinou que o amor materno é um ciclo que se renova. Hoje, olho para meu filho e entendo que um dia ele também poderá me criticar, me questionar ou me achar “exagerada”. Mas, assim como eu finalmente enxerguei minha mãe com novos olhos, tenho fé de que ela também entenderá. Até lá, carrego comigo uma gratidão mais profunda, uma paciência renovada e o desejo de honrar, na minha jornada, tudo o que minha mãe plantou em mim.

Para você que está lendo: se também é mãe, já parou para pensar em como sua visão sobre a sua mãe mudou? E se ainda não é, talvez um dia essa chave vire — e tudo faça sentido, como aconteceu comigo. A maternidade não nos dá respostas prontas, mas nos oferece, de presente, a chance de enxergar o passado com mais generosidade. E, nesse processo, curar não só a gente, mas também as histórias que nos trouxeram até aqui.

Stela Silva

Mãe & Blogger

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