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Maternidade Imperfeita: Quando o Medo de Não Ser Suficiente Vira um Ato de Amor

Há noites em que me sento no silêncio do quarto, olhando para o meu filho dormir, e uma pergunta insiste em ecoar dentro de mim: “Será que estou fazendo o suficiente?”. Não importa quantas vezes eu repita mentalmente listas de tarefas cumpridas, quantas histórias tenha lido ou quantos abraços tenha dado — sempre há um cantinho da mente sussurrando que poderia ter feito mais, melhor, diferente.

A maternidade chegou para mim como um furacão de amor, mas trouxe consigo uma coleção invisível de medos. Medo de não acertar na dosagem entre firmeza e doçura. Medo de que minhas falhas se tornem marcas na história dele. Medo de que, em algum futuro distante, ele relembre minha ausência nos detalhes que hoje me paralisam: aquele passeio cancelado, a resposta impaciente, o dia em que priorizei o trabalho em vez de brincar.

Percebo que carrego um peso que não me pertence por completo. A sociedade vende a imagem da mãe infalível — aquela que equilibra carreira, casa e afeto sem derramar uma lágrima. As redes sociais mostram rostos sorridentes e momentos perfeitos, enquanto eu, aqui na minha realidade, luto para encontrar meia hora de silêncio só para respirar. Comparo-me sem querer e, mesmo sabendo que aquilo é uma ilusão, o coração ainda se encolhe.

Mas hoje me pergunto: quem definiu o que é “ser suficiente”? Quem traçou essa linha impossível entre o certo e o errado, como se a maternidade fosse uma prova com gabarito? Aos poucos, aprendo que a resposta está no meu próprio colo. Nas manhãs em que meu filho me acorda com um “eu te amo” rouco de sono. No jeito como ele ri quando faço uma careta, mesmo que eu tenha esquecido de lavar a roupa escolar. Ele não me mede por metas ou checklists; ele me vê presente, tentando.

Talvez o medo de não ser suficiente seja, no fundo, apenas o reflexo de quanto importo. Se não me importasse, não lutaria tanto. Se não amasse, não temeria falhar. E talvez essa seja a verdade mais crua: a maternidade não é sobre perfeição, mas sobre entrega. Entrega cheia de rasgos, hesitações e recomeços.

Aos poucos, escolho trocar o “ser suficiente” por “ser humana”. Permitir-me chorar quando a culpa apertar, rir das minhas próprias trapalhadas, pedir ajuda sem vergonha. Descubro que meu filho não precisa de uma super-heroína — ele precisa de mim, com minhas manhãs desarrumadas e noites cansadas. E talvez, no fim, isso já seja mais do que suficiente.

Se você também carrega esse medo, lembre-se: você não está sozinha. Nossas dúvidas são a prova de que estamos vivendo a maternidade de verdade, sem roteiro ou garantias. E no meio desse caos amoroso, há uma beleza única — a de sermos imperfeitas, mas inteiras. É assim, com todas as fissuras, que a luz entra.

Stela Silva

Mãe & Blogger

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